Terminado o processo de impeachment, o mercado está aguardando a retomada dos negócios e melhores resultados nos próximos trimestres. O aumento de vendas no entanto não passará apenas pelos entraves da área comercial, pois após um longo período com sucessivos projetos de corte de custos e redução das estruturas, as empresas também terão que reaver suas estratégias de produção e fornecimento para atender os novos patamares de consumo.
Se no passado recente a pressão sobre as tarifas de frete e revisão dos contratos e contratadas definiram as agendas da operação de transportes, o novo desafio passa a ser a reestruturação da cadeia para, em primeiro lugar, atender o aumento do volume, mas consequentemente gerenciar toda a distribuição de forma eficiente sem penalizar os indicadores de gestão.
A primeira atenção do gestor deve ser a seleção criteriosa dos parceiros que possam agregar a base de prestadores de serviço. Após o arrefecimento da crise é comum que diversos prestadores de serviço ofereçam orçamentos tentadores, como forma de salvar suas empresas das dívidas ou da falência, no entanto, é necessário avaliar as competências e a qualidade do serviço prestado, tanto para evitar problemas no dia-a-dia, como para não fechar contratos que causem potenciais perdas ou desgastes futuros à imagem da organização.
O segundo ponto chave é a estruturação e organização dos processos e atividades para que a estrutura atual tenha capacidade de gerenciar o maior volume de forma eficiente. Neste tema, os sistemas ou ferramentas de trabalho são peça fundamental, assim como a revisão dos processos que suportam as principais atividades. Durante os períodos de baixa, a ineficiência fica menos exposta, mas com a retomada dos volumes, os antigos problemas voltam a aparecer, potencializados pela redução da equipe.
O terceiro item está relacionado à definição e aplicação da estratégia de transporte, que seguindo a nova tendência iniciada durante a crise, deve manter o desenvolvimento dos modelos colaborativos entre fornecedores, embarcadores e/ou parceiros. Cada vez mais a busca por melhorias não se restringe à equipe interna e passa a ser analisada e desenvolvida em conjunto com os parceiros.
Nesta nova disposição, diversos formatos estão sendo testados, sendo com a centralização das compras de produtos ou serviços, pela aplicação de novas plataformas digitais, que propiciem uma gestão unificada dos diversos prestadores de serviço, ou simplesmente pela utilização conjunta da capacidade com empresas parceiras. Nestes casos, a ratificação do modelo encontrado durante a crise deve ser realizada através da revisão e da sua evolução para atender as necessidades no novo contexto de mercado.
De todas as formas, a palavra chave no setor de transporte continuará sendo o planejamento e, principalmente, a execução dos planos definidos que determinarão o sucesso ou fracasso da retomada dos negócios.
O cenário está mudando rapidamente e com ele se torna imprescindível adaptar as formas de trabalho e gestão dos negócios, mesmo com uma perspectiva finalmente positiva, mas que traz consigo uma série de armadilhas e riscos aos gestores ávidos por resultados mais promissores, como horas extras, piora no nível de serviço, desalinhamentos na produção, falta de estoque, entre muitos outros.