Realizar entregas dentro do prazo e a um baixo custo é um desafio constante para as empresas. Muitas delas optam por terceirizar suas operações de distribuição de toda uma área geográfica, principalmente aquelas com menor densidade populacional, com fornecedores que possuam maior alavancagem de volume. Apesar de atingir alguma redução nos custos de distribuição, as empresas ficam sujeitas à disponibilidade e condições (principalmente em termos de prazo) de seus fornecedores e de certa maneira perdem o controle e o conhecimento do mercado local. Além disso, nem sempre a terceirização traz a melhor rentabilidade para o negócio. O primeiro passo é entender qual é a intenção estratégica da empresa para cada mercado-região para então definir o melhor modelo logístico que habilite essa intenção comercial.
Em um estudo recente, a Sintec mostrou que existem alternativas interessantes, sob o ponto de vista de custo e de serviço, para realizar a distribuição em zonas mais distantes de centros de distribuição, sem comprometer os níveis de serviço. Estudando alguns modelos de distribuição, que se enquadram às leis de controle de jornada laboral, avaliamos como cada um deles deve ser operado, quais suas vantagens/desvantagens e quando cada um deles pode ser implementado para garantir um menor custo total de distribuição e melhoria dos “níveis de serviço” combinados com os clientes.
- Centro de Distribuição: A abertura de um novo CD tende a aproximar os estoques à demanda, possibilitando assim realizar entregas com maior taxa de ocupação do caminhão e reduzir uma parte do custo logístico (custo de entrega). Entretanto, esta alternativa implica eventual elevação na quantidade total de estoques (aumento do capital imobilizado) e maior custo operacional (pessoas, infraestrutura), além da implementação ser mais complicada e tomar mais tempo. Essa alternativa normalmente é mais interessante em regiões com um alto nível de demanda já estabelecido.2. Transit Point: Os Transit Points são estruturas que não necessitam armazenar estoque. Funcionam como um ponto de transbordo, no qual a carga de um caminhão grande é segregada em caminhões menores, que realizam as entregas na região. Neste modelo é necessário maior nível de planejamento a fim de sincronizar a chegada do caminhão de transferência (que deve acontecer durante a madrugada) e a saída dos caminhões de entrega (nas primeiras horas da manhã). O Transit Point maximiza o tempo disponível para as entregas, respeitando a lei do motorista já que o início das entregas é realizado em local mais próximo aos pontos de entrega, e tem menor custo operacional em comparação ao CD.3. Cross Truck: Cross truck é o modelo que requer menor investimento, porém necessita de processos bastante robustos para que possa ser operado. Trata-se de um ponto avançado de estacionamento, próximo a algum centro secundário de demanda que não possui volume suficiente que justifique a implementação de um Transit Point. Neste caso, o caminhão de entregas sai carregado com os pedidos desde um centro de distribuição e é levado até um estacionamento remoto. O caminhão é deixado neste “estacionamento avançado” durante a madrugada e um caminhão vazio é trazido de volta para o centro de distribuição de origem. Na manhã seguinte, um motorista local executa a rota local com caminhão com as entregas, otimizando assim o tempo efetivo de entregas. Ao final do dia, o motorista deixa o caminhão vazio no mesmo local de estacionamento, onde será levado de volta à base pelo motorista da madrugada.
De acordo com o estudo realizado pela Sintec, a escolha por cada um desses modelos depende principalmente das seguintes variáveis:
- Ocupação dos caminhões em cada trecho (distribuição e transferência)
- Distância do centro de demanda ao Centro de Distribuição mais próximo
- Volume de demanda do centro de demanda
O estudo mostrou que, dependendo da configuração da rede, um modelo de Cross Truck pode ter um custo operacional 5% inferior ao modelo com Centro de Distribuição, sem considerar ganhos com a redução de horas extras e estoques. O exemplo abaixo mostra uma simulação real com ocupações dos caminhões de transferência fixas e variações dos outros três parâmetros, mostrando qual o modelo operacional de menor custo em cada caso.
Na indústria para qual o estudo foi realizado, nota-se que em distâncias de entrega menores (50 km) e a baixos volumes de entrega, a opção mais barata é o Cross Truck. Com o aumento das distâncias de entrega, o Transit Point passa a ser uma opção interessante para algumas faixas de ocupação e volume de entrega. Em distâncias longas (a partir de 150Km) com altos volumes de distribuição, a abertura de um novo centro de distribuição tende a ser a melhor opção.
O estudo acima mostra que existem modelos mais eficientes e baratos de se realizar a distribuição, porém, os pontos de decisão variam entre indústrias e mesmo entre empresas da mesma indústria.
Uma avaliação completa da melhor estratégia para a rede passa pela criação de um modelo que contemple as 3 principais variáveis descritas acima (ocupação, distância e volume de entrega), além de um estudo completo dos clusters de demanda e da previsão de crescimento. Os resultados podem ser surpreendentes e resultar em redução importantes de custos logísticos.